sábado, 16 de abril de 2011

TGA / aula do da 06-04 O Mito da Motivação

O Mito da Motivação

Por Earnest R. Archer

            A tarefa de induzir comportamento positivo deverá tornar-se mais fácil, caso o verdadeiro relacionamento entre  motivação, satisfação e comportamento seja claramente compreendido.

            Um mito persegue a profissão de administrador - o mito da motivação. No centro deste mito existem cinco interpretações errôneas básicas:

1)      a crença de que uma pessoa possa literalmente motivar outra;
2)      a crença de que a pessoa é motivada como resultado da satisfação;
3)      a crença de que aquilo que motiva o comportamento seja também aquilo que determina sua direção, tanto positiva como negativamente;
4)      a crença de que a motivação seja o catalisador que induz comportamentos positivos; e
5)      a crença de que fatores de motivação e fatores de satisfação sejam a mesma coisa.

Existe algo de traiçoeiro na idéia de que os motivadores e os fatores de satisfação sejam as mesmas coisas. A verdade é bem o contrário. Um motivo é definido no Webster's como uma necessidade que atua sobre o intelecto, fazendo uma pessoa movimentar-se ou agir. Motivação é definida como uma inclinação para a ação que tem origem em um motivo (necessidade). Um motivador nada mais é do que um motivo - uma necessidade, por definição. Por outro lado, um fator de satisfação é alguma coisa que satisfaz uma necessidade. Satisfação é o atendimento de uma necessidade ou sua eliminação. Dentro do contexto destas definições, um motivador é um fator de satisfação, em lugar de serem a mesma coisa, são a antítese um do outro.

            Uma das razões pelas quais o mito da motivação propagou-se tão facilmente diz respeito ao fato de que aquilo que satisfaz uma necessidade humana freqüentemente é visto como a própria necessidade.

Água, por exemplo, é um fator de satisfação de uma necessidade denominada sede; todavia, sempre que a sede é sentida, há uma tendência de encarar a água como a necessidade, em lugar da sede em si mesma. Isto é exemplificado por afirmações que se referem ao fator de satisfação, tomado no contexto da própria necessidade: "Eu necessito de água". Esta é a expressão corriqueira usada pela pessoa que está sentindo sede. Refletindo-se mais sobre o assunto, torna-se óbvio que a água não pode ser de forma alguma uma necessidade - é um fator de satisfação da necessidade. É a sede que atuará sobre o intelecto da pessoa, fazendo-a mover-se ou agir. O motivador é a sede e não a água. Caso se colocasse vários litros de água diante de uma pessoa que não está com sede, isso não a motivaria a beber, simplesmente porque sua sede já foi saciada. Este argumento é óbvio - é a necessidade que está motivando e não aquilo que satisfaz a necessidade.

Esta interpretação pode ser aplicada tanto às necessidades de níveis mais altos, quanto às de níveis mais baixos, como, por exemplo, as necessidades fisiológicas do homem. Uma necessidade de afeto que requer reconhecimento para sua satisfação pode manifestar-se como uma tensão que corrói internamente o indivíduo, da mesma forma que o fazem a sede ou a fome. O fato da sensação associada à necessidade de afeto ser diferente das sensações ligadas a outras necessidades não deveria ser desorientador. Assim como a sede e a fome se manifestam através de sensações diferentes, também as sensações relacionadas com necessidades de afeto diferem das sensações de outros tipos de necessidade. O reconhecimento, assim como a água e a comida, representa um fator de satisfação, da mesma maneira que a água para a sede e a comida para a fome, não sendo, portanto, um motivador. Aqui mais uma vez fica claro: é a necessidade de afeto que está motivando e não o reconhecimento em si mesmo.

Esta tendência de perceber incorretamente o assunto tem levado a graves falsos juízos no tocante à motivação e ao comportamento humano. Quando fatores de satisfação, tais como comida, água, reconhecimento, progresso, etc, são percebidos como necessidades, torna-se mais fácil admitir-se que as necessidades tem origem no meio ambiente. Se estes fatores de satisfação forem erroneamente identificados como motivadores, então também ficará fácil acreditar-se que os motivadores podem ter origem no ambiente. A conseqüência natural dessas crenças é o falso pressuposto que uma pessoa tem o poder de motivar a outra.

Como já foi afirmado anteriormente, água, comida, reconhecimento, etc, não são necessidades e, portanto, nem motivadores - são fatores de satisfação de necessidades. Fatores de satisfação, por outro lado, são antíteses das necessidades - estes fatores as eliminam. Segundo este argumento é que se pode afirmar que se as necessidades são os motivadores, os fatores de satisfação também serão a antítese dos motivadores. A motivação, portanto, nasce somente das necessidades humanas e não daquelas coisas que satisfazem estas necessidades.

Com a argumentação anterior em mente, a questão que se segue é como pode uma pessoa motivar outra. A resposta é simplesmente que não se pode. Aquilo que se faz em lugar de motivar é satisfazer ou contra-satisfazer as necessidades de outra pessoa. O efeito de um fator de satisfação é diminuir a tensão da necessidade, através da elevação do nível de satisfação. O efeito de um fator de contra-satisfação é aumentar a tensão da necessidade, através da diminuição do nível de satisfação. É possível oferecer fatores de satisfação tais como água, comida, reconhecimento, progresso, etc, às pessoas, mas isto é satisfação e não motivação. É possível negar ou prover as pessoas de água, comida, reconhecimento, progresso, etc, mas isto é contra-satisfação e não motivação.

Contra-satisfazer as necessidades de uma pessoa não é a mesma coisa que criar uma necessidade dentro de uma pessoa. Assim como um fator de satisfação precisa ter uma necessidade real subjacente para ser atendida, também o fator de contra-satisfação deve contar com uma necessidade real não atendida. As necessidades humanas não são conseqüência direta nem da satisfação e nem da contra-satisfação; são conseqüência da natureza intrínseca da pessoa.

A tendência de perceber aquilo que satisfaz a necessidade como sendo a necessidade em si mesma também levou à crença que uma pessoa pode criar a necessidade dentro de outra pessoa. A idéia de "necessidade aprendida" ou "necessidade psicológica" é baseada nesta concepção, mas é errônea. Ninguém pode criar uma necessidade de realização, uma necessidade de preservação, etc, dentro de outra pessoa, da mesma forma pela qual não pode criar a fome, a sede ou o impulso sexual. Tudo o que pode ser feito é satisfazer ou contra-satisfazer tais necessidades. "Necessidades aprendidas" ou "necessidades psicológicas" nada mais são do que a percepção do valor dos fatores de satisfação. Aquilo que foi caracterizado como "necessidades aprendidas" são na realidade "fatores de satisfação aprendidos". É possível aprender que reconhecimento satisfaz a necessidade de estima, mas no caso do indivíduo ter uma necessidade de estima, isto  não é resultante do fato de que alguém tenha instalado esta necessidade na pessoa ou então que este tipo de necessidade tenha sido aprendida. Há aqui uma conseqüência da natureza biológica do ser humano. Todas as necessidades são intrínsecas ao indivíduo. As necessidades podem estar latentes ou ativas, mas existem porque a pessoa existe.

Se todas as necessidades ativas existem, é possível modificar sua intensidade através da satisfação ou da contra-satisfação. É possível também ativar necessidades latentes, através da satisfação de níveis de aspiração mais baixos destas necessidades, mas não é possível fazer com que necessidades que não existem passem a existir. Assim, também não é possível fazer com que a motivação passe a existir. Se as necessidades são os motivadores do comportamento e se não é possível criar necessidades em outra pessoa, então a conclusão lógica é de que uma pessoa não pode motivar outra.

Manter a crença de que uma pessoa pode incutir uma necessidade em outra é concordar com a concepção de que é possível motivar, incutindo-se necessidades através de negação ou de privação. Esta proposição iria apavorar os teóricos do assunto, principalmente aqueles que trabalham com falsas premissas, tal como a de que é possível realmente criar uma necessidade em outra pessoa. Talvez em função destes temores é que se tenha começado a usar a palavra motivador com o mesmo sentido do termo fator de satisfação. Seja qual for a razão, o resultado foi o nascimento do mito. A utilização destes termos como sinônimos proliferou tanto na literatura administrativa contemporânea que muitos administradores pensam mesmo que exista um relacionamento direto entre eles. Dessa forma, passaram a acreditar que poderiam realmente motivar seus empregados e que a forma de motivá-los é satisfazê-los.

O fato de fatores de motivação e fatores de satisfação estarem sendo usados como sinônimos não é simplesmente um problema de semântica. É um disparate acadêmico. Seja por ignorância ou intencionalmente, os teóricos que utilizam os termos fator de motivação e fator de satisfação como sinônimos estão propagando uma fraude. A motivação vem das necessidades humanas e não daquelas coisas que satisfazem essas necessidades. Na realidade, quanto mais intensamente motivada estiver uma pessoa, mais baixo será o nível de satisfação associado com a necessidade em questão.

A criação de um mito não era necessário. Uma compreensão da verdadeira natureza da motivação mostraria que os administradores não induzem seus empregados a comportamentos positivos através de fatores de motivação ou então pela tentativa de motivá-los, uma vez que são os fatores de satisfação e de contra-satisfação os verdadeiros determinantes do comportamento humano positivo ou negativo. Os fatores de motivação têm um papel a desempenhar em relação ao comportamento humano, sendo este papel diferente daquele que até hoje a literatura leva a creditar. Fatores de motivação são os energizadores do comportamento, mas não os reais determinantes da direção do comportamento. Uma compreensão deste último postulado é essencial para dissipar o mito da motivação. O restante do presente artigo acha-se dirigido para a busca deste entendimento.

Energizadores do Comportamento

Foi Segmund Freud quem primeiro descreveu a natureza intrínseca da motivação dentro do contexto das necessidades humanas. Freud descreveu uma necessidade como um estímulo que ataca não de fora, mas de dentro do organismo. A necessidade nunca atua como um impacto momentâneo, mas sim como uma força persistente. Qualquer luta contra ela é inútil. A satisfação é quilo que põe de lado a necessidade. A satisfação é a conseqüência de uma alteração adequada da fonte interior de estimulação. O ímpeto para o comportamento é a força (intensidade ou tensão) ou a demanda de energia que a necessidade representa. O objetivo da necessidade é assegurar satisfação, mas é o intelecto (e não a necessidade) que garante a direção. A necessidade fornece apenas a energia para o comportamento. Aquilo que oferece satisfação não se acha originariamente ligado à necessidade, tornando-se a ela associado pelo fato de ser identificado, neste caso, como particularmente adequado para prover a satisfação. A fonte de uma necessidade é o processo somatório interno do corpo do qual resulta um estímulo, representado na vida mental como uma necessidade.

Tanto Douglas McGregor como Abraham Maslow tentaram dizer aos profissionais de administração que as necessidades são os únicos e verdadeiros motivadores. Reconhecendo a natureza intrínseca das necessidades, McGregor explicitamente afirma que a motivação não vem da administração, mas sim do interior do indivíduo e como conseqüência das necessidades intrínsecas. Maslow e McGregor também disseram que uma necessidade satisfeita não mais é um motivador do comportamento.

As implicações de algumas afirmativas feitas por Freud, Maslow e McGregor têm sido ignoradas ou mal compreendidas. Estes pesquisadores querem essencialmente dizer que:

a)      a motivação é a conseqüência de necessidades não satisfeitas;
b)      somente as necessidades são os motivadores do comportamento;
c)      as necessidades são intrínsecas ao indivíduo;
d)      a administração não pode colocar motivação nos indivíduos;
e)      a administração não pode colocar necessidades nos indivíduos;
f)       os administradores não podem motivar;
g)      os administradores só podem satisfazer ou contra-satisfazer as necessidades humanas.




Fonte:
BERGAMINI, C W. e CODA, Roberto.  Psicodinâmica da Vida Organizacional: motivação e liderança.  São Paulo, Pioneira, 1990

Localizador: O Mito da Motivação.doc





Disciplina
Teoria da Administração
Prof:(a)
Adriana Vinholi Rampazo
Aula:
2 – Abordagem humanística e abordagem organizacional
Semestre

AULA ATIVIDADE
 Questões para discussão:


Você acredita que uma pessoa pode motivar outra? Explique.


Resp: Não acredito, penso que uma pessoa não pode motivar a outra, pois a motivação nasce perante a uma necessidade humana e não fatos que satisfação estas necessidades. 


Em sua opinião, uma pessoa satisfeita é uma pessoa motivada?
     Por que?

  Resp: Não, uma pessoa satisfeita é uma pessoa realizada e não motivada. Se a pessoa já conquistou o seu objetivo ela não estará mais motivada.

              

Você concorda com Archer que nem sempre a motivação induz a comportamentos positivos para a organização?


Resp: O modo errôneo que Archer diz em seu artigo é que as pessoas utilizam de modo incorreto a motivação confundindo ela com satisfação. Pois a motivação seria procurar explicar por que as pessoas se comportam o ser humano é motivado, não por estímulos econômicos salariais, mas por recompensas sociais, simbólicas e não materiais.
       








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